O uso de celulares e outros dispositivos nas escolas esteve no centro das discussões pedagógicas no primeiro semestre de 2025. A proibição nas salas de aula gerou uma série de debates sobre a atenção dos alunos nas salas, o uso exagerado do celular por parte de crianças e jovens e os verdadeiros benefícios do uso de telas nas salas de aula.
Agora, com o período de férias escolares, os estudantes estarão em casa e, muitas vezes, com mais acesso às telas, o que pode prejudicar tanto o retorno ao cotidiano escolar quanto as questões sociais e de desenvolvimento associada ao excesso de telas e que levaram à restrição nas escolas. Segundo Maria Carolina Souza, diretora de ensino da rede Anglo Alante, “crianças e adolescentes que passam longas horas conectados tendem a apresentar maior irritabilidade, dificuldade de concentração, alterações no sono e resistência a retomar os compromissos escolares.”
Então, nas primeiras férias escolares desde a proibição dos aparelhos em sala de aula, evitar o uso excessivo de telas é a primeira etapa para realmente descansar durante o período de recesso. Mas como entreter crianças e jovens ao longo do mês evitando as telas?
Atenção aos vestibulandos
Durante as férias escolares, é comum que os vestibulandos acreditem que esse seja o momento ideal para aprofundar ainda mais os estudos. Porém, na realidade, a pausa pode ser mais importante do que a revisão, já que ela possibilita maior foco e o aumento da disposição no momento da retomada dos estudos.
Também neste período, é preciso atenção com o tempo de tela, especialmente ao considerar o controle da ansiedade pré-vestibular. “Durante essas pausas, é necessário evitar o uso de telas, porque o afastamento, especialmente das redes sociais e do consumo passivo de conteúdo, ajuda a reduzir a ansiedade, melhora o foco e favorece a saúde mental”, alerta Maria Carolina.
Mas isso não significa que os jovens tenham de ficar 100% offline. Inclusive, há um uso bem proveitoso para os dispositivos, especialmente pensando na construção de um maior portfólio cultural, que é essencial na elaboração de uma redação robusta. Segundo a diretora, “para os adolescentes, há um vasto repertório de filmes, documentários, podcasts, aplicativos de leitura e até jogos que estimulam o raciocínio lógico ou o conhecimento geral”.
Como usar as telas com os pequenos?
Ao falarmos de telas na infância, é comum que as pessoas pensem em evitar totalmente o uso, mas a radicalidade não é o melhor caminho, especialmente em um mundo cada vez mais digital. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria, o tempo de tela ideal dos 2 aos 5 anos é uma hora supervisionada, e dos 6 aos 10, duas horas supervisionadas.
Então, durante o período de uso supervisionado, existem algumas atividades que podem ser proveitosas para o desenvolvimento dos pequenos nas férias. “As telas, quando utilizadas com critério e intencionalidade, podem sim ser boas aliadas durante o período de férias. Para crianças pequenas, vídeos educativos curtos ou contações de histórias podem ser experiências interessantes”.
Além disso, há uma série de atividades manuais que podem ser feitas com os pequenos para substituir as telas. Para a diretora, “pintura, desenho, culinária ou artesanato promovem a criatividade”. Além disso, “brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiro, leitura de livros, visitas a parques, museus ou bibliotecas são formas saudáveis de ocupar o tempo”. Por fim, ela acrescenta que “incentivar projetos simples, como montar um quebra-cabeça em família ou cultivar uma pequena horta também contribuem para desenvolver habilidades importantes de forma lúdica e significativa, além de promover uma maior conexão com os familiares”.
As telas são aliadas, não inimigas
Uma questão importante na discussão é não vilanizar as telas, mas entender o seu propósito no cotidiano e como encaixá-lo de forma a auxiliar no desenvolvimento dos pequenos e no descanso dos mais velhos.
Como mencionado, a supervisão das famílias é a principal recomendação caso as crianças tenham contato com telas. A diretora, alerta ainda sobre a importância dos pais como referência para os pequenos, já que o uso excessivo de telas pelos responsáveis tende a ser reproduzido pelos filhos. “Mais do que impor regras, é fundamental oferecer alternativas e, acima de tudo, dar o exemplo. Quando os adultos demonstram equilíbrio em sua própria relação com os dispositivos, tornam-se referências coerentes para as crianças. Por isso, construir momentos de convivência offline, como refeições em família sem celulares ou tardes de brincadeiras e conversas contribui para fortalecer os vínculos e estabelecer hábitos mais saudáveis para todos”, conclui.
Fonte: André Taheiji (sistemas@comuniquese4.com.br) / Maria Carolina Souza, diretora de ensino da rede Anglo Alante (Anglo Alante – as escolas do selo Anglo Alante fazem parte do Grupo Salta, o maior na educação básica do Brasil).
ESCRITO POR Marina Xandó
Idealizadora e editora chefe do Ask Mi, Marina é esposa, advogada, blogueira, dona de casa e mãe da Maria Victoria. Começou o AskMi para passar suas dicas adiante. Também é o cérebro - e coração - por trás do Concierge Maternidade AskMi, onde presta consultoria para grávidas, desde o enxoval até organização de recepções e festas.





