Vou confessar um dilema que estou vivendo: a escolha da “melhor” escola para a MV. O melhor que quero dizer não é a que está na moda, a que exige mais do aluno, a que os filhos das minhas amigas estudam, mas sim, a que tem mais o perfil dela, da nossa família e que, mediante sua personalidade, é a que ela vai gostar. Estou em dúvida entre 2, que na verdade são completamente diferentes. A primeira é uma escola mais tradicional, católica e longe da minha casa (sim, isso deve ser analisado quando se trata de SP). Já a outra, é internacional, onde a criança é alfabetizada inicialmente em inglês e depois vêm o português. Ah sim, detalhe importante: próxima a minha casa, o que significa que minha filha não ficará mais de 1 hora no trânsito, como na outra.
Ufa!! Em plena sexta feira e eu aqui desabafando. Mas posso falar, quem mora em cidade grande, e tem condições financeiras para proporcionar estudo particular a seus filhos, fica muitoooo na dúvida quando o assunto é a escolha da escola. Aliás, acho um absurdo a qualidade do ensino público brasileiro (com raras exceções e claro, sem contar o ensino superior, que graças a Deus se destaca), que só faz aumentar ainda mais a diferença social entre as pessoas.
Mas voltando a minha dúvida referente a estas 2 escolas, hoje se fala muito nas escolas bilingues, internacionais. Para mim, que sou do interior, é um assunto novo e que me faz refletir diariamente. Em Araçatuba eu não teria esse problema…rs Toda mãe busca o melhor para seus filhos mas, às vezes, o que é melhor para nós não será, necessariamente, a ideal para nossos filhos.
Acredito que, algumas leitoras, também devem ter essa dúvida na cabeça: quais as vantagens da educação bilingue, vale mesmo a pena? Fui consultar uma expert no assunto, a Gláucia Maciel, que é mãe e diretora-fundadora da Steps, que já falei aqui no blog. A matéria está um pouco extensa, mas garanto que vale muito a pena perder 3 minutinhos do seu dia, confiram:
Educação Bilingue:
Em primeiro lugar, temos que definir o que exatamente é uma escola bilíngue (vs. internacional ou nacional com inglês como segunda língua), para depois avaliar qual é a metodologia mais apropriada (e comprovada) que garanta a aquisição da segunda língua, de forma simultânea.
Em linhas gerais, acredito que é fundamental que a criança seja exposta a outras línguas e outras culturas desde pequena, mas acho que o processo “formal” de aquisição de uma segunda língua deverá ser iniciado somente após a aquisição da língua materna. Normalmente a criança sai da fase pré-linguística com 2 anos e “conquista” (passa da fase linguística básica) a língua materna em torno dos 3 anos.
A partir desta idade, a criança contextualiza melhor a sua vivência em outra língua, e o aprendizado se dá de forma mais concreta, sem correr o risco de interferir no complexo processo de aquisição da língua materna e preservando a integridade sócio emocional da criança.
Não se pode afirmar que tal sistema seja o “ideal” na educação infantil, mas as pesquisas mais recentes na área de neurociência* comprovam o seguinte:
1. 80% das redes neurais são estabelecidas até os 4 anos. As nossas referências físicas, emocionais e sociais são estabelecidas neste período.
2. Para instrumentalizar o aprendizado das crianças, é importante que as propostas educacionais possuam coerência, consistência e frequência.
3. É importante estimular adequadamente todas as percepções sensoriais para garantir apropriação duradora de aprendizagem.
4. Aprendizagem = experiência+emoção+atenção+memória.
5. Stress impede e ou dificulta o aprendizado. O emocional modula a atenção e a memória e, portanto a aprendizagem.
Na Steps, pensamos sempre na criança em primeiro lugar e transformamos a teoria em prática, criando:
– um ambiente afetivo, seguro e tranquilo.
– brincadeiras multidisciplinares para estimular múltiplas linguagens.
– atividade física continua e dinâmica;
– diferentes possibilidades de expressão, verbal e corporal
Na Steps, a segunda língua é incorporada ao currículo das crianças a partir dos 3 anos, com carga horária semelhante às demais áreas curriculares como: música, artes, matemática, educação física, educação alimentar, consciência ecológica, yoga e capoeira. Sugiro às famílias com crianças na idade pré-escolar que reflitam sobre algumas questões, antes de visitarem as escolas: Qual o significado da escola na vida dos seus filhos? Minhas escolhas foram baseadas nos seguintes critérios:
Profundidade de conhecimento (vs. Abrangência)
Construção de conhecimento (vs. Acumulo)
Crescimento intelectual (vs. Mercado de trabalho)
Individualizado (vs. Padronizado)
Focado no aluno (e não no professor)
Fundamentado nas disciplinas clássicas (vs. Fusão de disciplinas)
Avaliação regular (vs avaliação mínima)
Alto padrão de exigência (vs padrões subjetivos com nuances)
Contato com o mundo globalizado e acesso a várias línguas e culturas
Inclusão de tecnologia no processo de aprendizagem
Consciência de sustentabilidade ecológica
Participação em trabalhos comunitários
Construção de conhecimento (vs. Acumulo)
Crescimento intelectual (vs. Mercado de trabalho)
Individualizado (vs. Padronizado)
Focado no aluno (e não no professor)
Fundamentado nas disciplinas clássicas (vs. Fusão de disciplinas)
Avaliação regular (vs avaliação mínima)
Alto padrão de exigência (vs padrões subjetivos com nuances)
Contato com o mundo globalizado e acesso a várias línguas e culturas
Inclusão de tecnologia no processo de aprendizagem
Consciência de sustentabilidade ecológica
Participação em trabalhos comunitários
No caso das famílias em que os pais sejam de diferentes nacionalidades ou que se comuniquem naturalmente em 2 idiomas, acredito que essas crianças sempre terão uma das línguas como sendo dominante e outra como não dominante. Normalmente, a língua dominante é aquela falada no país em que eles vivem.
Se as famílias escolherem uma escola bilíngue, devem saber que a fluência virá com o tempo, e que em alguns casos a criança pode ter alguma dificuldade na escrita, ou mesmo na pronuncia. Tal dificuldade de expressão nem sempre significa dificuldade de entendimento de conceitos, por exemplo, podemos compreender o conceito de “fotossíntese”, mas temos dificuldade em explicar o que isso seja numa segunda língua.
Outra questão recorrente é a ansiedade da família, com o sucesso profissional que seus filhos que hoje tem entre 8 e 10 anos, possam alcançar nesse mundo competitivo. Eu acredito que o grande diferencial no mercado profissional tanto hoje quanto daqui a 10 anos, será na capacidade do indivíduo tem de pensar e expressar-se de forma criativa, interpretar e resolver problemas, dominar as tecnologias, entre outras habilidades, aliadas a uma disciplina na sua rotina de trabalho. Além disso hoje ela é uma criança que precisa viver essa fase da vida, ela não é alguém que virá a ser.
Essas reflexões são feitas com base nos seguintes estudos:
– Pesquisas realizadas pela equipe do Project Zero Classroom do Howard Gardner da Harvard Graduate School of Education
– Estudos sobre sistemas atencionais do Michael Posner
– Trabalho sobre Inteligências emocional e social do Daniel Goleman
– Estudos sobre língua dominante em contextos bilíngues do Bakhtin (1997)
– Metodologia de ensino das escolas de Reggio Emilia
– Trabalho do “ser criativo” da Anne-Marie Holm
Sou Glaucia Paula Maciel: 42 anos, mãe de Lucca (10 anos), Tom (3 anos) & Maria (3 anos), brasileira, morei em Londres, Nova Iorque, Singapura, Luxemburgo, Tunis, Milão, Bath, Bruxelas, Paris, Rio de Janeiro e me estabeleci há 20 anos em São Paulo. Fui educada em 5 línguas, e passei por múltiplos sistemas escolares diferentes dependendo do pais. Formei-me em Management Science pela University of Bath (Reino Unido), pós-graduada pela Edhec (França) em Finanças, e após 20 anos de carreira na área de marketing em multinacionais, nasceu meu primeiro filho e resolvi me dedicar ao desenvolvimento dele. Montei a Steps Baby Lounge há 10 anos com uma equipe multidisciplinar brilhante e em breve abriremos uma segunda unidade em São Paulo. Fiz a formação de Project Zero Classroom da Harvard Graduate School of Education e participo de tudo que posso nas áreas de neuroeducação. Sou encantada pela abordagem das escolas de Reggio Emilia, e acredito que a criança realmente se comunica em múltiplas linguagens…depois só vai esquecendo!
Escola Bilingue: yes or no?
ESCRITO POR Marina Xandó
Idealizadora e editora chefe do Ask Mi, Marina é esposa, advogada, blogueira, dona de casa e mãe da Maria Victoria. Começou o AskMi para passar suas dicas adiante. Também é o cérebro - e coração - por trás do Concierge Maternidade AskMi, onde presta consultoria para grávidas, desde o enxoval até organização de recepções e festas.

